domingo, 19 de dezembro de 2010

Continuação da Neve em Wageningen!

Bem, fazia algum tempo que não escrevia por aqui, é verdade, e por isso peço desculpa aos meus amigos que procuram deseperadamente alguma notícia minha aqui neste espaço e não encontram. Justificando, eu coloco que me toma bastante tempo em elaborar um texto que não seja cansativo, com conteúdo interessante e ao mesmo tempo acrescente informações úteis ao leitor (acabei de usar três expressões que dizem a mesma coisa, mas enfim...) então fico horas a remoer uma forma agradável de escrever e acabo por não fazê-lo.
Mas depois de falar sobre a neve - quem leu deve ter percebido o quanto me agrada este fenômeno meteorológico - me dei conta novamente de que é muito bom falar sobre algo que se gosta e sendo assim não é feito com nenhum sacrifício.
De qualquer modo, após essa justificada reintrodução ao blog, gostaria de colocar que as contagens do número de nevascas na cidade vão se tornar cada vez mais difíceis.
Resolvi começar a contar pois antes de o período de neve começar (que eu tão ansiosamente aguardava) uma amiga grega me falou que no ano passado foram 16 nevadas (assim, contadinhas). E fez por ela mesma a contagem para poder reclamar depois - já bem adaptada, portanto, ao costume holandês de reclamar do tempo. Então, mais do que prontamente eu cá com meus botões pensei: lógico, vou contar também! Com o adicional de que seria para satisfação pessoal e não a título de enumerar reclamações. Alguns dias depois veio a geada e em dois dias a tão esperada neve!
Cheia de empolgação (que quase não pertence a este corpo) comecei a excitante contagem! Urrul! Primeira! Ah, que lindo, a segunda! Olha, terceira! De novo, que legal! Enfim... e todas as vezes eu lembrava: preciso registrar no blog.... até que resolvi fazê-lo a sexta vez (antes que eu me perdesse na contagem). Aconteceu que no dia seguinte que escrevi nevou novamente (e dessa vez mais forte que a terceira, quando iniciei meus trabalhos na artilharia), tendo então que atualizar a contagem aqui.
Vista da minha janela!
Na tarde de sexta (durante a sétima nevada) precisamos ir a outro prédio da Universidade usar um equipamento que não temos no nosso lab e logicamente fomos de bike (neve nunca foi impedimento de usar bicicleta por aqui). Acontece que a nevasca estava tão forte que mal conseguia abrir os olhos! Durante esses momentos em cima da bike (o trajeto leva uns 20min só de ida) com os olhos semi abertos, precisando ter cuidado dobrado no trânsito, além de não distinguir o que era ciclovia e o que era calçada ou meio da rua, cuidando para não escorregar e ainda sem conhecer o caminho (eu estava seguindo a "voz" da minha colega, pois quase não a enxergava) devo confessar que questionei meus sentimentos em relação à neve... Naqueles breves instantes repensei meus conceitos e lembrei o que várias pessoas me disseram: sim, tu vais amar a neve até chegar o dia em que tu vais perder um avião, vai atrasar o trem, vai interditar a estrada que tu precisa pegar, daí sim quero ver... 
Porém logo esses pensamentos dissiparam e voltei a amar a neve! Lamentei não ter tirado fotos durante o deslocamento, mas logicamente tomaria muito do nosso tempo naquele momento. Já no sábado, é claro que saí que nem uma louca tirando fotos! É lindo de ver a lateral do tronco das árvores branquinha!  Os galhos sustentando a neve branca- e por baixo o contraste marrom, lindo! E pra finalizar o (agora novamente prazeroso) dia de neve, o sol apareceu só pra dizer "até mais" e se pôr no horizonte - parecia um cartão postal! No sábado nevou também, menos que na sexta, mas o suficiente para manter a cidade "enevada"! 
À noite quando voltei pra casa ainda tinha (bastante) disposição para tirar fotos aqui na frente da casa nova! Na foto pode-se (espero) enxergar o nome da rua: Bowlespark.
Enfim, nevou na sexta e nevou no sábado também, portanto atualizando a contagem são agora oito neves - e isso que o INVERNO propriamente dito ainda nem chegou!!!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Neve em Wageningen!

Neve. A precipitação de gelo das nuvens quando o ar está muito frio tem a capacidade de melhorar o meu dia, é uma sensação incrível! Para mim, sentir a neve no rosto é como abrir a janela se manhã e ver o sol nascendo num sábado azul de primavera.

Bem, hoje nevou pela sexta vez em Wageningen. Sim, to contando as nevadas! O negócio é que eu não sabia como funciona o esquema da neve. Um dia esfria. Muito. Daí neva, uma só vez ou algumas vezes num dia. Assim que começa a nevar o frio diminui, e fica muito agradável, geralmente sem vento (melhor ainda!). Então fica uns dias sem nevar, mas ela continua ali, no chão, nos carros, nas bikes, em tudo, branquinho! Daí assim que esquenta ela começa a derreter, lógico. O bom é quando ainda ficam alguns dias quentes pra dar tempo de derreter toda a neve antes da próxima, pois se esfria de novo muito em seguida toda aquela água que veio da neve vai congelar do jeito que ela estiver - e geralmente não é tão bom pois fica muito escorregadio...

Bem, vou fazer um breve relato pessoal das neves que já aconteceram aqui em Wage:

1ª) dia 29/11, segunda, eu estava dentro do lab e de repente olhei pro lado e vi aqueles chumacinhos de algodão caindo do telhado – mas era neve de verdade! Nem acreditei, fiquei muito emocionada, foi minha primeira vez! Saí correndo pra avisar o Fabio e ele já estava admirando também, todo faceiro, da janela da sala dele! Até mandei e-mail pro pessoal do lab no Brasil pra compartilhar essa emoção! No final da tarde, quando finalmente saí pra rua pra ir pra casa, pisei na neve pela primeira vez, e fiquei caminhando por cima da neve, me rindo sozinha... de repente tirei a luva, olhei pros lados – não tinha ninguém por perto – e me abaixei até o chão pra tocar a neve... ai que delícia!

2ª) dia 02/12, quinta, quando saí pra almoçar estava nevando e senti os floquinhos caindo no rosto pela primeira vez... muito bom! Até tirei uma foto na frente do RIKILT!


3ª) dia 04/12, sábado, foi a melhor neve, nevou com vontade, sabe? Não era uma nevadinha qualquer, foi de deixar uma camada de uns 10cm na rua! Neste dia tive uma experiência muito típica daqui. Por coincidência fui na feira e encontrei o Sinterklaas com seu ajudante Swarte Piet perto da igreja!  À tarde foi minha primeira experiência na artilharia - aprendi a fazer bolinha de neve e atirar longe e com força! Depois ficou meio friozinho e entrei, mas era lindo de ver, de dentro de casa, assistindo filme de tarde, olhando a janela ao fundo e a neve caindo... demais! Essa foi a nevasca responsável pelo dia seguinte, o domingo divertido em que fomos no Arboretum, um parque aqui na cidade, pra fazer boneco de neve e snow battle! A consistência estava excelente pra fazer as bolinhas!

4ª) dia 09/12, quinta, nevou bastante também, com muito vento. De manhã cedo eu estava me sentindo um pouco triste mas assim que senti a neve melhorei! Mais tarde ainda continuava, inclusive foi durante um dos inúmeros meetings aqui. Como a maioria das paredes do instituto é de vidro, dá pra ver a rua de dentro das salas, então enquanto o chefe fazia a apresentação dava pra ver atrás dele a nevasca...

5ª) dia 13/12, segunda, enquanto eu corria na rua (toda segunda antes da aula de boxing a gente corre meia hora pra aquecer ao redor da Universidade, não importa se chove, neva, faz frio, a não ser que esteja muito escorregadio) e estava realmente muito frio, mas assim que começou a nevar imediatamente o frio diminuiu e ficou muito agradável! Eu teria corrido meia hora a mais ou até escorregar e cair!

6ª) hoje, dia 16/12, quinta, no meio da tarde, estava no lab em momentos de tensão, quando de repente essa minha querida colega que tem me ajudado muito, fala com aquele jeito de quem já está por aqui de neve: and it’s snowing again... Imediatamente virei o rosto pra rua e vi os floquinhos caindo... ahh, novo gás pra continuar na lida! Mais tarde, durante o jantar de Natal do RIKILT (às 17h, pois é, cedo né) a neve ainda continuava. Depois da comilança fui pra rua sentir ela caindo no rosto, caminhando pela grama branquinha. Sensação muito boa!

sábado, 11 de setembro de 2010

Niew huis!

No laboratório, todas as vrijdagen (sextas) tem meeting às 8h45 com o pessoal do nosso cluster para saber o que cada um está fazendo, o que está acontecendo pelo mundo na área biotecnológica, enfim, pra atualizar todos. A primeira de que participei foi ontem e estava bem interessante, bem light, conversas sobre conferências, etc. Ao meio-dia fui almoçar em casa! Coisa boa, casa nova! De tarde já recebi meu novo acesso à intranet no lab (enfim!) e assim que pude fui pra casa, estava podrassa! Mas claro que antes fui dar aquela pedalada clássica no final do dia...


O zaterdag (sábado) amanheceu ensolarado, uma delicia! Aproveitei pra limpar bem o banheiro, estava um horror! Mas agora está tão cheiroso que se sente lá do corredor. Assim até me animei a registrar esse cafofinho tão aconchegante! Ao longo do post estão algumas fotos do room!

Ah, ainda não expliquei sobre os rooms do prédio. Até onde eu sei são quase todos iguais, e são chamados self-contained, pois possuem banheiro e cozinha próprios. Existem 10 rooms como estes em cada corredor, e a estes somente têm acesso os respectivos moradores. Do lado de fora ainda tem mais 3 apartamentos que possuem sala separada (um luxo!). Cada corredor tem também uma máquina de lavar e uma geladeira comunitários, além de banheiros e materiais de limpeza. 
Esse prédio onde moro, o Bornsesteeg (ou Borns) só tem estudante internacional. De uns tempos pra cá parece que aconteceram alguns desentendimentos entre moradores holandeses e os de fora, ainda não sei direito a história. Mas então o Idealis, que é a instituição que intermedia a WUR com as moradias estudantis, estabeleceu que este estaria disponível somente para foreingers. Ok, então. 

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Mudanças

Passeando pelo sudoeste da cidade
      Woensdag (quarta-feira) foi minha última noite como hóspede da Edi... apesar de lamentar por não ficar mais em sua excelente companhia diária, estou muito feliz que finalmente vou conseguir desmontar o acampamento! Liguei pra Golda, a tenant guatemalenca do apê que vou morar, e ela dexou a chave com uma amiga dela, do Borns também (nossa, tem muita gente aqui). Ainda no final da tarde fui dar aquela volta clássica para conhecer mais um canto da cidade e me perder por aí. Dessa vez fui até a parte sudoeste da cidade, onde tem mais algumas moradias estudantis, como Haarweg que é o maior complexo do Idealis, com 3 buildings.
Donderdag (quinta) foi um dia muito especial: de manhã finalmente conheci meu supervisor Jeroen (com seus característicos longos cabelos e chinelos de solado de madeira, que não, não são aqueles típicos holandeses, mas fazem bastante barulho!) e à noite fiz a mudança!
Jeroen (se fala "írun") estava em uma conferência fora do país, por isso somente o conheci agora. Ele é uma pessoa extremamente acessível e solstícia (Van e Ferdi, me ajudem a não parecer disléxica! hehe! sim, na verdade ele é solícito), e acredito será muito bom trabalhar com ele. Ele já agilizou todas as burocracias para me oficializar no departamento (cluster de molecular biology) e à tarde discutimos o projeto. Ótimo! Claro, ainda falta acertar tudo com a Ana (minha orientadora na UFSC), que chega semana que vem...
Quando saí do lab já corri (com a fiets, lógico) para o C1000 (outro supermercado daqui, mais barato que o AH e mais perto) para comprar coisas de sobrevivência para casa (ph, pão, kaas e uma Amstel pra comemorar!) e vim direto para o apê novo! Ele é uma gracinha, mas estava imundo... então fiquei até altas horas limpando e faxinando pra poder trazer minhas coisas pra cá!
De vijf niewe woorden van vandaag zijn (as cinco novas palavras de hoje são): Halfvolle (semidesnatado, tipo leites e iogurtes); Kers (cereja); Smeerkaas (queijo cremoso, de espalhar); Kropsla (alface, mas já vi só sla também); e Jong kaas (queijo jovem), Jong belegen kaas (queijo envelhecido), Belegen kaas (queijo maturado).
Os três tipos de queijo coloquei com sendo um só item, pois só mudam os tempos de maturação (apesar de ainda não tê-los provado...). Quem me explicou foi uma gentil old lady que mal falava inglês, na frente da prateleira dos queijos!
É, tá difícil de encontrar aulas de holandês por aqui. Felizmente a grande maioria das pessoas fala inglês (algumas exceções para as pessoas de mais idade, como essa lady dos kazen (plural de kaas), mas que mesmo não falando claramente algum idioma compreensível para mim, se esforçam bastante para ajudar!). O grande impasse é que TUDO está escrito em holandês. Seja no mercado, nas ruas, nas placas, nos manuais de laboratório, nas lojas, tudo. Lá de vez em quando se vê um rótulo em francês (que pra mim também não adianta nada...), mas inglês mesmo, nada. Curioso isso, né? Eles falam, mas não escrevem in engles.
Mas por enquanto vou me virando! Não sei se realmente será possível fazer todos os dias o exercício das 5 novas palavras, mas estou tentando aprender e anotando elas sempre que possível!
Outra observação legal: sempre que chego em algum estabelecimento comercial, me comunico em inglês. E fica mais do que claro que não sou Dutch-speaker. Óbvio. Mas sempre que vou dar o dinheiro para pagar, emito um Alstublieft! E quando recebo o troco, Dank u wel! Nossa, tem que ver a felicidade deles! Isso foi mais uma dica do meu leraar, que comentou sobre a importância de mostrar aos nativos interesse pela língua. É tão bom!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

O primeiro dia sozinha!

A dinsdag (terça-feira) amanheceu completamente nublada, aliás chovendo! E um ventinho bem agradável para andar de fiets... Feriado no Brasil, e aqui dia de trabalho! Mas tudo bem, coloquei uma capinha de chuva patrocinada pela TIM que trouxe do Brasil (sabe aqueles saquinhos de colocar comida? pois é, do mesmo material, "beeem" resistente, mas enfim, protege) e lá fui eu pro lab. Cheguei toda encharcada, apesar da capinha e apesar de ser bem perto, mas o bom é que logo seca a roupa dentro dos ambientes fechados. Mas o sapato impermeável é imprescindível!!!
Eu e mais um rapaz da Grécia, que chegou aqui ontem, fizemos um "tour orientado" com uma das pesquisadoras do RIKILT, a Ingrid, pelos laboratórios durante a manhã e ao meio dia saí para abrir a conta no banco. Perguntei como chegava lá e fui. Vai aqui, vira ali, linksaf (àix ixquerda, como diriam os manézin), rechsaf (àix direita), tem um atalho logo ali, beleza, olhei no mapa, beleza, bora lá. 
De tudo tem o tipo biologische - a versão
sem agrotóxico dos alimentos no AH
Tudo certíssimo, fui lá sozinha, abri a conta (muito tranqüilo quando se tem todos os docs em mãos) e depois passei no Albert Heijn (abrev. AH, famoso supermercado neerlandês) pra aprimorar meu vocabulário [minha meta é aprender cinco palavras por dia! hoje foram: olijven (azeitonas), zalm (salmão, tem muitos tipos diferentes), garnaal (camarão, também tem vários), pistol (é como eles chamam o nosso pão francês, ou cacetinho pra gauchada) e biologische (acho que é algo como "orgânico", ou "sem agrotóxico", pois os vários produtos que tem esse nome possuem o rótulo verdinho)].
Na volta é que deu pobrema... tentei voltar exatamente pelo caminho de ida mas... quem disse que eu achava o tal atalho? Ai meu deussss... tá, ok, pára, pergunta, como assim? ninguém conhece o RIKILT? Oh gosh... ok, vai mais um pouco... e pedalei, pedalei, pedalei (ainda bem que a chuva tinha parado!) e só via campos e mais campos pela frente... daqui a pouco não haviam mais pessoas pra perguntar... só as ovelhas... afff!! Já fazia mais de 40 min que eu estava pedalando e nada! Bem... calma, respiração abdominal, vamo lá. Daqui a pouco simplesmente apareceu na minha frente um dos prédios que a Andréia me levou ontem, o Lumen! Ufaaa!! Ali perguntei como voltava! Finally!!!! Consegui chegar no RIKILT já era umas 15h! Alias, bem na hora do Coffeetijd (se diz "cofitáid" e sim, todo mundo pára tudo pra tomar café às 10h e às 15h. Sempre!).
Ao que parece, o pessoal daqui do instituto onde vou trabalhar recebe muitos estrangeiros e mesmo assim ainda não estão acostumados com a orientação a ser dada. Além disso, existe muita burocracia a ser cumprida, muita mesmo. Tanto na municipalidade quanto dentro da Universidade. E pra ajudar, parece que oficialmente não estavam sabendo da minha chegada por aqui... Quando se dão conta disso, logo falam: ah pro Fábio que chega em Outubro já vamos deixar isso providenciado, já vamos fazer isso e aquilo,... hehe, menos mal!
Pra entrar e sair do prédio é preciso se identificar na portaria toda a vez, ou possuir um cartão de identificação. Como o Jeroen não esta por aqui (e é com ele que vou trabalhar diretamente), ainda não tenho cadastro, mas agora já esta sendo providenciado. Para acessar a internet uma das queridas pesquisadoras daqui, a Bonnie, colocou a senha dela para eu poder acessar. O maior inconveniente dos acessos daqui é que a cada 15min o computador trava para o Workpace Break (pausa para fazer alongamento e evitar LER... ok...), e ainda não aprendi como desabilitar isso! Mas enfim... às 17h tudo acaba por aqui, todo mundo vai embora a não ser que tenha esteja no meio de experimento...
Primeiro mill que vejo ao vivo na Holanda!
Depois do expediente fui dar umas voltas de bike pra me perder por aí mais um pouco. É uma cidade muito agradável se andar de fiets (deve ser assim em todo o país, mas por enquanto só conheço aqui mesmo). Fui pros lados do centro, onde me deparei com o primeiro moinho legítimo da minha vida! Além dele, tirei mais umas fotinhos das ruas da cidade. É uma graça!
Bem pessoal, se vocês ainda tiveram paciência de ler tudo isso, cheio de detalhes, agradeço demais a atenção! Mas por questões práticas (tanto para vocês quanto para mim) a partir de agora escreverei mais sucintamente, com os principais tópicos do dia ou da semana e as impressões que vão ficando ao longo da caminhada...

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A chegada


Parking space lotado na estação de trem
Ede-Wageningen
A querida da Andréia saiu da festa de despedida dela em outra cidade para me buscar na estação de trem e fomos de bus até a moradia. A estação fica na divisa das cidades de Ede e Wageningen, pois são miuto pequenas e próximas, e não possuem demanda sufuciente que justifique estações exclusivas. Enquanto a aguardava, já me deparei com algo que será muito comum por aqui: os parking spaces lotados de bikes! 


Déia e Edi, recepção maravilhosa!
Somente quando ela chegou é que fiquei sabendo que a menina que vai sublocar o "apartamento" dela para mim só vai liberar na quinta! Ai meu deussss... e agora? Mas a Déia já havia resolvido isso! Me arrumou um pouso no apê da Edileia, outra brasileira muito querida que já me recepcionou com uma jantinha ótima! Ambos os apês, o "meu" e o da Edi, ficam no prédio chamado Bornsesteeg, uma das moradias estudantis da cidade, que tem 20 andares, 3 corredores por andar e 11 apartamentos por corredor! É gente...

Na segunda-feira a Andréia passou o dia inteiro comigo, nós duas de fiets (palavra muito importante, que significa bicicleta) me mostrando os lugares onde deveria ir para assinar contrato de aluguel, pra tirar foto para a documentação exigida, o prédio onde vou trabalhar, as pessoas, enfim, a maioria dos lugares importantes por aqui. Nossa, como é bom ter alguém para orientar a gente logo que se chega a um lugar novo – Fabio, pode fica tranqüilo que farei o mesmo com você! A cidade é pequena, mas no começo é bastante complicado de se achar... bem fácil de se perder...

Almoço no parque com a Déia!
 Almoçamos no parque, comemos uma saladinha que é vendida pronta em qualquer mercado (e até que é bem boa, fresquinha! o alface nem tem gosto de papel! mas confesso que o molhinho temperado que vem junto ajudou...), o dia estava maravilhoso, ensolarado, quente, os pássaros piavam e as árvores farfalhavam ao balanço da brisa européia...


Jantar camaronês de despedida!

No final do dia uma amiga camaronesa que mora aqui no Borns também preparou uma janta típica dos Camarões para nós! Depois ajudei a Déia a fechar a mala (meu deus, e QUE MEGAMALA! já serve de lição pra minha volta...) e ela foi pro Schiphol de carona com uns amigos. Depois ela contou que foi tudo certo de viagem, nem precisou pagar pelo excesso de bagagem! Ufa!

domingo, 5 de setembro de 2010

Schiphol-Wageningen

Assim que cheguei no aeroporto comprei um phonecard para ligar para a Andréia: tão bom ouvir uma voz amiga! Ela estava em Arhnen e demoraria para me encontrar. Sem problemas, já tinha impresso todo o roteiro, de trem, ônibus e a pé. Mas ela falou que me encontraria na estação de trem de Ede-Wageningen. OK! Vamos lá pegar o trem.
A necessidade de falar inglês obrigatoriamente, pois ninguém vai entender português, me deixou um pouco ansiosa. No guichê, gaguejei uma passagem para Ede e me fui escadaria abaixo para o terminal de trem, ainda com uns 20 min para chegar o trem que vai direto pra lá. 
Estação de trem dentro do Schiphol
Foto aqui, foto ali, resolvi perguntar se era ali mesmo que eu deveria estar. "Ede-Wageingen? No, I don’t know, I guess this is not here". Ai meu deusss... e o pavor? Está se aproximando da hora de o trem chegar (e sabendo da pontualidade britânica dos holandeses...) e eu cheia de mala no lugar errado! Oh god! Tá, mas vamo lá. Subi novamente as escadas rolantes e desci do outro lado. Ok, deve ser aqui. Em seguida chegou o trem, entrei pelo acesso de deficiente físico (sim, pois achei que seria mais acessível, lógico, não? Não. Tinha um monte de escadas dentro do trem!). Assim que consegui jogar as malas para dentro e o trem partiu pedi para uma senhora se estava no trem certo. Ela confirmou (ufa!) e logo perguntou: are you Brazilian? Ai meu deus, mas até aqui! Só falta dizer que sou do RS, daí sim né... A lady gentilmente explicou que dá aulas de inglês para bastante gente do Brasil, e identificou meu accent! Muito atenciosa, Mrs. Enid, inglesa que mora aqui há 27 anos, passou o caminho todo me contando curiosidades da língua e do país, e disponibilizou seus contatos para me dar aulas caso seja necessário (ô se é!). Desceu comigo na estação Ede-Wageningen e me despedi. Que beleza de boas-vindas!

Frankfurt-Schiphol

O Flughafen Frankfurt am Main (o aeroporto de Frankfurt) é operado pela empresa Fraport. No começo achei que fosse esse o nome dele, ou que fosse um apelido carinhoso, pois está escrito em todo lugar! A Lufthansa tem sua base por lá, e não é por acaso que tudo é amarelinho. Bem, o lugar é enorme, não é à toa que possui o título de ser o terceiro aeroporto mais movimentado da Europa. No desembarque havia comissários brasileiros orientando os passageiros em português (ufaaa!), mas foi um longo caminho, cheio de japoneses e alemães, até chegar ao balcão da Lufthansa para o novo check in. Nesse meio tempo, lógico, já conheci outra menina, brasileira, que tornou o deslocamento menos solitário e mais confiante de que estava no caminho certo! 
Longas e inúmeras esteiras no aeroporto de FRA
e ainda assim muito tempo de deslocamento!
Agora com os tickets amarelinhos em mãos, segui para o Passkontrolle, para oficializar minha imigração no Velho Mundo. O alemão simplesmente me perguntou o que eu queria fazer na Holanda, se eu tinha uma invitation letter, olhou, carimbou o passaporte e pronto! Passamos pelo detector de metais, tudo bem tranqüilo. Após algumas fotos das oprimentes cabines para fumantes (e como fuma essa gente!) segui caminhada, agora sozinha. Foram uns 20 min (e isso que tem esteiras!) até chegar ao portão A2.
Gastei meus primeiros 2.50 euros na Europa num coffee-to-go que pedi falando um inglês nervoso, querendo falar alemão, mesmo sabendo que ich spreche kein Deutsch! Procurei, em vão, uma tomada para ligar o computador (sério, no Flughafen o problema não é que todo mundo tá usando, simplesmente não tem mesmo nenhuma tomada!) e sentei numa mesa a degustar o kaffee... Resolvi trocar de lugar para ficar mais perto do portão, e logo veio um bondoso italiano me trazendo o casaco que eu havia esquecido na mesa... por que não me surpreendo, Van? Hehe
Cervejinha nacional pra variar né!
Dentro do avião sentaram ao meu lado dois típicos holandeses, grandões, falando alto, com a cara vermelha e fedendo a cerveja (sabe aquele cheirão de acetona que fica exalando da pele depois de uma cervejada? Então...). E eu na janela, mas bem feliz, tirando foto e admirando o lindo dia de sol! A comissária ofereceu uma bebida e eu, apesar da acetona dos homens ao meu lado, aceitei uma cervejinha local. A Warsteiner tem outro gosto tomando em ares alemães!
Os comissários de bordo da Lufthansa somente falam em alemão e holandês, e de vez em quando se identifica um inglês com sotaque muito carregado de alemão! Quando me dei conta de que estou correndo risco de isso ser uma constante, de não entender nada do que será falado a partir de agora, de que estava chegando ao país que fala uma língua diferente e que vou ficar um ano inteiro, começou a aumentar o geladinho na barriga...
Quando observei lá embaixo os campos quadriculados, muito bem desenhados, e cheios de aerogeradores (pra mim na hora foi como se estivesse enxergando moinhos!), logo percebi que a viagem estava chegando ao final! Na hora lembrei da Grazy, amiga da Maia, que contou: “quando eu vi os moinhos, logo falei: estamos na Holanda!”. Tá bom, não eram aqueles moinhos clássicos... eram aerogeradores... mas era a Holanda!
Schiphol e suas também inúmeras esteiras...
O Schiphol também é enorme, o quinto maior da Europa. Foi muita caminhada, mesmo nas esteiras de deslocamento, até chegar ao baggage claim. Lá são 3 enormes esteiras de recepção para aguardar ansiosamente por sua bagagem, e uma quarta esteira é especial para Odd Size Baggage, como bicicletas, pranchas e instrumentos musicais! Eles conhecem o povo que tem! Na saída, fiz como o Igor, meu Nederlands leraar, orientou: sempre tem dois seguranças enormes na saída, mas não encara muito eles, fica na tua e tudo vai dar certo. Pronto! Nem precisei explicar a bomba e os 4 kg de erva que trazia na mala!

Floripa-Guarulhos-Frankfurt


Muita correria no caminho para o aeroporto. Não sei por que, mas sempre fico muito preocupada com horários de transportes coletivos de longas distâncias, procuro chegar com bastante folga para não perder a hora. Talvez eu seja assim, pois sei que para quase todo o resto estou sempre atrasada...
Só o transtorno de descer as escadarias do prédio com as malas pesadas e mais o demorado café no Angeloni não foram suficientes para tornar o trajeto mais emocionante. Todos os engarrafamentos do mundo aconteceram na nossa frente exatamente quando estávamos a caminho do aeroporto! Pegamos a Lusa no hotel e lá fomos de comboio liderado pela Flecha de Prata para o sul da ilha. Mas tudo bem, chegamos na hora, porque “no final o bem sempre vence”... 
Check in feito, ainda tivemos tempo de sobra para o último chopp no Brasil! Ok, chega, vamo lá, falta “só” uma hora para o embarque! E me fui pra sala de embarque. Muitos beijos e abraços de despedida!
Afinal, o vôo saiu atrasado mais de uma hora, pode? Nesse meio tempo, na sala de embarque, encontrei o Leo, colega de Biometria do RGV, que estava indo para Manaus num congresso de Botânica com mais alguns colegas. Como é bom conversar! E esse foi só o primeiro approach que tive o prazer de ter durante o deslocamento aéreo. Em seguida o colega dispersou e comecei a conversar com um paulista, professor de Sociologia da UFSC que estava ao meu lado, só conheço gente boa!
Minha mamy querida!
Chegando em Guarulhos (já era umas 16h30) tive que resgatar minha bagagem. Pelo menos agora somente pegaria as malas novamente em Amsterdam! A escala em Frankfurt seria só pra troca de aeronave. Encontrei o pessoal da botânica novamente, tomei um café com eles e faltando umas 4 horas para a hora do embarque resolvi ir para a imensa fila do check in internacional da TAM. Ainda bem! Olha, demorou horrores pra chegar ao balcão de atendimento. Na fila, conheci mais dois aventureiros muito gente boa rumo ao Caminho de Santiago na Espanha, o Anselmo e o Marcel. A meta deles é caminhar 20 km/dia a partir de Bugros. No balcão, perguntei umas 45 vezes pro atendente se eu não precisaria mesmo pegar a bagagem na Alemanha. Ok, ok, entendi. Seria só em AMS mesmo! Aliás, já deixa eu esclarecer: AMS é a sigla do Luchthaven Schiphol (aeroporto), mas o Schiphol não fica EM Amsterdam. Ele está na região metropolitana, em Haarlemmermeer. E por aqui abreviam a capital como A’dam!
Após longa espera em frente ao portão 13 e sem tomadas disponíveis (todo mundo usando!) finalmente chamaram para embarque no vôo JJ8070, que saiu pontualmente como previsto, às 22h. O avião da Tam estava lotadaço. Cada fileira (da classe econômica, claro) tinha 10 desconfortáveis poltronas, 3-4-3. A minha ficava no meio da fileira do corredor; ou seja, ir ao banheiro no meio da noite nem pensar! Travesseiro, cobertor, fone de ouvido kit banheiro e tapa-olho estavam incluídos pelo menos! E cada assento com uma tela individual, vários filmes disponíveis e dados da viagem. Tinha festival Woody Allen! As refeições eram muito boas para que está a 10 km acima do nível do mar, com opções vegetarianas e servidas nos horários do Brasil. Ao meu lado havia um senhor, Jose Luis, de Barcelona (tenho conhecido muita gente de lá! Preciso visitar a Cataluña!). Ele já viajou muito por toda a América Latina e do Norte, contou várias histórias, disse que gosta muito de lá. Contou que não conseguia dormir direito nas trips de avião, mas afinal quem não conseguiu dormir fui eu! Maluca pra ir ao banheiro de madrugada e o então senhor com “insônia” estava no auge do sono! Que inveja... até que resolvi mobilizar os dois que estavam do meu outro lado, um francês e uma brasileira, ufa!!! 
Imagem da "tevezinha" com o trajeto
 todo; repara o nosso aviãozinho,
já em cima de Frankfurt!
No mais, tudo certo, só que não deixaram levar o cobertor de brinde! Quando estávamos aterrissando tirei umas fotos da tevezinha com imagens da pista e do trajeto percorrido (bem coisa de turista! hehe). 
Bem, primeira etapa internacional de viagem completada com sucesso!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Despedida do lab

   
Hoje tive uma mega feliz surpresa! O pessoal do laboratório (nosso e dos vizinhos) organizou uma comemoração de despedida surpresa! Nossa, não imaginava mesmo! Ameeeeei!!!

E ainda ganhei de presente uma manta lindona, um par de luvas quentinho (mas que segundo a Ana só serão úteis no outono...) e um gorrinho lindo directo del Peru! Que saudade vou sentir dessa gente toda!!! Mais do que colegas, são companheiros, amigos!

Bem-vindos ao blog!

Então, pessoal
Esse é o local onde concentrarei a maioria das informações que receberei durante minha estadia temporária pela Europa. 
Esses últimos dias têm sido com aquelas correrias que imagino serem normais para quem está se desfazendo de (quase) tudo para passar um ano fora de sua terra natal (aliás, de onde é que sou mesmo? enfim...), e quase não tive tempo de me dedicar aos relatos dos "detalhes sórdidos" que estão acontecendo para escrever aqui. 
Porém, de agora em diante, acredito que esta será a forma que me sentirei mais à vontade de me comunicar com os meus amados amigos brasileiros dos quais eu já estou sentindo tremenda falta mas que sabem que têm seus lugares garantidos bem dentro do meu coração!
Embarco daqui a dois dias, mas no fundo já me sinto lá! Parece que tudo vai fazer mais sentido depois que estiver com os pés no Velho Mundo.
Aos que me acompanham, agradeço a atenção e o carinho e aguardem que logo logo colocarei novidades!
Saúde e sorte para todos! Grande beijo.